Quando o básico traz de volta a nossa alegria!
O ano começa e todos nós queremos novas metas, micro metas, grandes metas, prazos, deadlines, aumentos de salário e por aí vai.
Essa energia maravilhosa do início, da construção e da alegria, nos contagia e devolve uma força enorme pra conduzir todos esses novos sonhos.
Por onde começamos?! Pelo começo! Mas, onde é o começo mesmo? Como especialista em organização afirmo com segurança: comece pela sua casa!
Sim, esse lugar que nos últimos tempos tem nos encontrado na maior parte do tempo cansados, irritados, esgotados, frustrados e nem percebemos que nela podemos nos aninhar, repor as energias (tão necessárias) e, acima de tudo, construir memórias. Apesar disso, o que encontro no meu trabalho é uma distância entre esse sonho e a realidade. As casas estão longe de ser esse lugar idealizado pelos seus moradores e o caminho para chegar até lá? Bem, está cada vez mais nebuloso. Mas, nem tudo está perdido. Leia até o final e veja como se reconectar com a sua casa e ter pequenos momentos de prazer todos os dias.
O mundo está caminhando para uma reflexão profunda sobre o que comemos, o que vestimos, o que consumimos e ainda que muitas pessoas reajam contra qualquer sinal de mudança, essa não é mais uma escolha. Estamos caminhando de volta para o básico: comida de verdade, menos tempo online, esportes ao ar livre, entre outros. Isso nos traz equilíbrio, pois nos concede tempo para usufruir, perceber, viver, observar, amar, cuidar e todos os outros verbos que podemos aqui conjugar sobre todos nós.
Quando faço o meu trabalho e dele derivam tantas emoções do início ao fim, posso observar que a maior parte dos nossos objetos pouco tem a ver com o momento que estamos vivendo.
Viemos da casa dos nossos pais e trouxemos uma bagagem, fomos estudar e acumulamos essa também. Pode ser que você tenha morado em república, dividindo apartamento com amigas ou amigos e aí também juntou mais uma coisinha aqui e outra ali. Faculdade, especializações, leituras, presentes e aí juntamos mais um pouquinho de papel, lembranças e documentos de diferentes épocas que vivemos. Se você tem um relacionamento ou mora com alguém e tem filhos, sua bagagem automaticamente triplica.
Se você está com 20 anos sua bagagem será de um tamanho, mas já imaginou seu acúmulo quando chegar aos 30, 40 ,50?
Essa é uma pergunta que sempre faço no meu trabalho:
Qual o estilo de vida que queremos para que possamos usufruir de tudo que conquistamos, recebemos e ainda queremos construir?
Será que conseguimos cuidar de tudo que hoje temos nas nossas casas, apartamentos, quartos, armários?
De volta ao básico.
Sabe aquela rotina com leveza, manhãs melhores, tempo para o cafezinho? Pois esse é o básico que hoje virou um luxo e por isso as prateleiras estão cheias de livros para te ajudar a voltar para esse lugar tão magnífico: sua casa, seus discos (sim, vinil tá voltando), seus livros, suas receitas, panelas, sapatos, lençóis, fotos e tudo aquilo que te faz feliz.
Nessa lista não consta nada que esteja fora no nosso alcance, mas precisamos olhar para tudo isso como dádiva, privilégio, presente da vida. Olhar para todos os seus objetos e escolher aqueles que te trazem alegria é a filosofia que alavanca a teoria de Organização da Marie Kondo e pode ser lida como a volta para o básico.
Como isso? Olhar para os nossos objetos é exercício que poucos praticam diante de uma rotina atarefada e cheia de compromissos.
Você se lembra a última vez que colocou a roupa gentilmente na máquina de lavar roupa e colocou no varal da mesma forma? Muitas vezes passamos meses sem tocar o que temos e nem percebemos porque estamos nos distanciando do básico.
A pressa em concluir tarefas, terminar logo para fazer mais e aumentar nosso número de atividades nos torna mais produtivos e numa sociedade como a nossa ser produtivo significa para muitas pessoas “estar ocupado”. Mas nos ocupar com o básico é o que nos enriquece, nos fortalece e nos move para o nosso propósito. Cada vez que deixamos de lado o que queremos comer no restaurante a quilo e pegamos “qualquer coisa” estamos novamente saindo do eixo do equilíbrio para simplesmente cumprir aquela tarefa.
Em nossas casas acontece o mesmo.
Organizar as roupas, guardar a louça, varrer a sala, regar as plantas, escolher o que comprar e comer para a semana, tem me parecido um item pesado na lista de tarefas das nossas casas. Mas não é lá que tudo começa? Onde dormimos, comemos, descansamos, repomos nossa energia?
Nossos travesseiros são testemunha do nosso sono e repouso e vejo que muitos deixam de lavar, trocar ou mesmo perceber qual é travesseiro que conforta, que serve para acomodar minha cabeça, meu sonho, meus pensamentos.
No Brasil temos uma metáfora maravilhosa para o básico: falamos em “arroz com feijão” para nos expressarmos sobre o que é básico e o que nos faz feliz. Tem também o “arroz fresquinho” feito no dia, o “bolo de fubá” da vó ou da mãe e o mais famoso e mais querido: o “café feito na hora.”
Então te pergunto? Qual é o seu básico? Como seria a sua rotina, a sua casa e o que te representaria nessa volta ao que te faz feliz na sua própria casa?
Se você sonhou com aquele jardim: cuide dele! Cozinhas de revista? cozinhe nela; lençóis de muitos fios? prepare-se para dormir neles! Panelas do sonho? Ponha comida nelas. Aquela TV de muitas polegadas? Chame aquele amigo que não tem e faça uso daquilo que te traz alegria!
O básico é diferente para cada um de nós. Não se trata de diminuir o número de coisas que temos apenas para que tenhamos menos. A grande sacada é realmente ser fiel ao que você sente e escolher por você o que efetivamente traz aquela boa sensação ao seu emocional.
Seu corpo fala e vai te sinalizar o que fica e o que sai.
Isso só conseguimos ao separar um tempo para olhar tudo que temos. Nossas roupas, livros, papéis e objetos nos representam mas precisamos atualizar nosso conceito sobre nós mesmos. Te convido a apreciar essa nova você!
Afinal, descobrir o que nos alegra no nosso dia a dia é que vai me levar ao ponto mais distante do que quero hoje.