3 lições práticas que aprendi com os “Minimalistas”
Um resumo dos principais ensinamentos do documentário da Netflix, “The Minimalists”.
Sempre que leio ou assisto algo que me impacta, procuro observar os primeiros passos e depois a jornada de mudança das pessoas que deram um salto de qualidade em suas vidas. De maneira objetiva e autêntica, Joshua Fields e Ryan Nicodemus nos brindam com falas entusiasmadas e genuínas de experiências com o desapego, a vida leve e o significado de uma vida com menos. O documentário está disponível no Netflix e se chama “The minimalists”. Se você está inclinado a mudar seu estilo de vida para uma rotina mais leve e significativa e ainda não assistiu esse documentário, recomendo de olhos fechados! O filme é leve, rápido e traz lições valiosas sobre como devemos nos preocupar mais em ser, estar presentes do que em ter. Basicamente: como ser minimalista pode transformar a sua vida.
O que sempre me chama atenção em todas as falas é que a todo momento é preciso parar e se questionar. Não existe um manual de regras sobre como se tornar um minimalista, e sim de boas práticas. O segredo é refletir sobre a sua realidade atual para redirecionar o pensamento e só depois agir na direção daquilo que se quer construir, mudar ou melhorar. Você irá descobrir o que é minimalismo pra você, longe de um livro de regras.
Vivemos cercados de coisas, situações, pessoas, que muitas vezes não traduzem a vida que queremos viver, quem somos hoje ou quem projetamos ser. Geralmente, muito do que está a nossa volta, é diametralmente oposto daquilo que realmente queremos ser. Posso afirmar com experiências práticas com meus clientes. Quer um exemplo? Recentemente, atendendo a uma cliente de home organizer que se tornou vegetariana há 5 anos, encontrei uma coleção de livros de gastronomia. Adivinhem os temas? Isso mesmo! Em sua maioria eram livros de receitas e preparos de carnes. Sem tempo para refletir ela nem tinha percebido que não folheava os livros há 5 anos. Eram objetos que já não faziam mais sentido pra ela, mas ocupavam um bom tempo na rotina, pois toda vez que tinha que limpar sua casa precisava tirar o pó, um a um, de cada livro na estante. Percebeu o peso que os objetos podem ter na nossa rotina?
Em minhas experiências como Coach de Vida e Home Organizer, sempre começo os trabalhos trazendo uma calma e serenidade necessárias para uma reconexão com aquilo que meus clientes querem. Ouvir a si mesmo, anseios, vontades passa por se observar, sentir e refletir. Como fazer isso se não houver uma parada na tão falada “correria diária”? Esse mantra moderno coloca todos numa posição cômoda e anestesiada daquilo que queremos e de quem realmente somos. “Eu não tenho tempo” é o novo “pretinho básico”, todo mundo tem no armário.
O que isso tem a a ver com o documentário “the minimalists”? Vindos de experiência corporativa e vivendo nos Estados Unidos os Joshua e Ryan, viveram o “American Dream” ou podemos dizer o que muitos de nós também quer: carros, carreira corporativa, altos salários, casas enormes, muitos objetos caros e roupas que podem nos vestir por décadas. Com tudo isso adquirido, narram depressão, abuso de todo tipo de substâncias, consumismo exagerado e longas jornadas de trabalho de até 70 horas semanais. O vazio que tanto sentimos não tem como ser preenchido por objetos.
O objetivo era comprar mais, ter mais, porém sem tempo nem saúde física e mental para usufruir daquilo que conquistaram. Com muitas coisas para administrar precisavam sempre trabalhar mais para manter tudo que tinham e ainda conquistar mais.
Quanto essa história pode parecer com a sua ou com a minha. Já pensou nisso?!
Quando paramos para avaliar nossas rotinas, objetivos, metas, sonhos muitas vezes copiamos estilos de vida que não são nossos. Padrões herdados de nossos ambientes familiares, expectativas alheias à nossa vontade. Somos sedentos por felicidade, paz, amor. Por outro lado queremos conquistar tantas coisas materiais. Não há nada de errado em querer conquistá-las mas à medida que essas coisas nos conquistam e passam a ditar como vivemos é que precisamos parar e fazer novas escolhas.
Como aprender com quem já passou e mudou? Eu escolheria começar com 3 aprendizados que tenho incorporado em minha própria vida.
Lição número 1:
Separar o inútil do essencial.
Mais tempo para relacionamentos, saúde e nossas verdadeiras paixões.
Acredito que o primeiro passo é começar pela casa e organizar as nossas ideias e sentimentos a partir desse ponto de partida. Ao confrontarmos nossos objetos podemos ter a dimensão dos nossos hábitos e visualizar nossa rotina. Nossas roupas muito nos falam sobre isso. Você sempre acha que está sem nada para vestir e todas as manhãs sempre se vê estressado(a) com o que vestir? Então é por aí que começa a mudança.
Deixar antigos hábitos para formar outros requer reflexão sobre tudo que temos. E é tudo mesmo! Mas se você começar pelo seu armarios, vai vencer o primeiro desafio: descobrir quem você realmente quer ser a partir dessa organização. Será que você realmente quer ter um estilo de vida minimalista ou só está com excesso de objetos? Essencial é o que nos traz brilho nos olhos e alegria simples e genuína. Será que tudo que está no seu armários representa isso?
Quando passamos horas para decidir sobre o que vestir diariamente podemos estar desperdiçando um tempo valioso para tomar um bom café da manhã, desfrutar da companhia dos familiares, fazer uma atividade física ou simplesmente desfrutar de um início de manhã onde não há tantas decisões a serem tomadas. Pense nisso! Minimalismo pode ser uma atitude e não um armário com um número reduzido de roupas todas dentro da paleta cinza, preta e nude. Não se trata apenas de reduzir o número de objetos e sim de imaginar sobre a essencialidade de cada um deles na sua vida.
Lição número 2:
As coisas que me cercam me trazem alegria?
Um critério genuíno para manter o essencial pra você.
Outra lição valiosa e que Joshua e Ryan nos deixam é complementada pela filosofia de Marie Kondo. Já falei outras vezes que ela busca com sua metodologia de organização nos fazer escolher e nos cercar somente de objetos que nos trazem alegria. Complementares e perfeitos para nos auxiliar nessa jornada na direção de quem realmente queremos ser e a vida que tanto sonhamos. Mais leve e minimalista.
Em nossas casas somos cercados por coisas. Sim, coisas: mesas, cadeiras, quadros, louças, livros. Imaginar nossa relação com elas é fundamental. Muitas vezes ganhamos objetos de presente e por receio de magoar quem nos deu permanecemos com algo que nos desagrada ou mesmo nos afastamos de algum ambiente da nossa própria casa. Perceber isso e decidir sobre eles é fundamental para seguirmos com mais leveza e serenidade. Mais uma vez: minimalismo nas atitudes! Dê destino logo para aquilo que não te agrada, não ocupe espaço mental com o que não te traz alegria.
Presentes de casamento ou mesmo de familiares são uma constante. Perceba, no entanto, que se agradecermos o período que os objetos nos serviram sentiremos uma enorme tranquilidade ao deixar ir aquilo que não nos agrada. Afinal, é você que mora naquele espaço. Se cercar do essencial é também honrar a sua essência. Seja fiel a você mesmo(a).
Lição número 3:
Nossas memórias não estão nas nossas coisas e sim dentro de nós.
Você não precisa de objetos para ativar lembranças felizes.
Essa ponto sempre é o que mais me impulsiona. Ao me deparar com fotos, louças, quadros tenho sempre essa abordagem significativa. Porque ficar com receio de escolher somente aquelas fotos maravilhosas e colocá-las em lugar de destaque para me lembrar ao longo do dia de quem sou: uma pessoa que ama viajar. Ou mesmo fotos com minhas filhas que também amo tanto. Álbuns e milhares de fotos em HD’s não acessados estão se transformado na nova acumulação. Não vejo então não existe? Resposta errada! Você não vê, mais o acúmulo está lá. Você sabe, isso basta. Relembrar momentos, viagens, festas, é sensacional. Mas talvez a gente não precise de 500 fotos de cada uma delas. Escolha aquelas que vão te fazer viajar novamente, imprima e tenha coragem de deletar o restante. Tenho certeza que isso trará para sua rotina um brilho extra. Afinal a vida é feita no dia a dia e não somente em eventos especiais. Isso serve para tudo e não somente para fotos.
E, por fim, o que é minimalismo pra mim? É viver com o essencial e ter tempo livre pra desfrutar a vida ao lado de quem também é especial pra mim. Quanto menos excessos eu tenho, mais leve fica a minha rotina, minha mente e mais tempo eu tenho pra fazer o que amo! Se interessou? Assista ao documentário “The minimalis” (theminimalists.com) no Netflix.